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terça-feira, 23 de setembro de 2014

Vinho para toda ocasião

                    Dicas para compatibilizar os vinhos aos pratos

O vinho tem o poder de enriquecer qualquer ocasião, seja triste ou feliz. Abrir um bom vinho sobrepuja qualquer tipo de sentimento, enaltece, vangloria, ecoa. Pasteur dizia que existe mais filosofia em uma garrafa de vinho do que em todos os livros e eu concordo plenamente com ele. 
Em todos os momentos o vinho se faz um excelente companheiro. O que seria de um encontro romântico sem a presença de um efervescente e gelado espumante? Apenas a presença de uma garrafa entre um casal já inunda o instante de magia.
Em termos gerais na escolha de vinhos o bom senso é fundamental. Comidas gordurosas combinam melhor com vinhos mais ácidos. Refeições leves e de sabor suave pedem vinhos de mesma intensidade, para que um não prevaleça sobre o outro. O acompanhamento ou o molho são mais determinantes na escolha do vinho, do que o tipo de alimento.
Normalmente, massas  combinam com o vinho tinto, mas se o molho for branco, a combinação fica melhor com o vinho branco.
Existem vinhos que combinam com cada ocasião, os alegres, os românticos, os filosóficos, os sisudos, os formais, é só escolher o momento e o vinho certo e a intenção desse artigo é ajudá-lo nessa prazerosa missão:
ALMOÇO EM FAMÍLIA: O tradicional almoço em família pede vinhos alegres e fáceis de tomar, inicie o almoço servindo um espumante brut ou demi-sec e a mesa opte por um Valpolicella ou Bardolino (Itália), caso os pratos servidos sejam as tradicionais massas.
CHURRASCO: Se engana quem acha que o melhor parceiro do churrasco é a cerveja, ledo, triste e indigesto engano, vinho e churrasco nasceram um para o outro. Uma das mais perfeitas combinações é a carne mal passada com o rústico tannat. Os taninos presentes no vinho se tornam pura seda ao serem compatibilizados com a proteína existente na carne. Então, experimente a partir de hoje acompanhar o seu churrasco com um denso Tannat (Uruguay) ou um suculento e macio Malbec (Argentina). 
JANTAR ROMÂNTICO: Na minha opinião o mais romântico dos tintos, sem dúvida, é o Amarone de La Valpolicella. Elaborado com uvas passificadas, esse vinho possui grande percentual de álcool e certa doçura discreta, que encanta o paladar. Por si só o vinho já remete a um clima para lá de sensual, mas por ser intenso e encorpado pede pratos de igual peso e refinamento, como: queijos salgados e nobres, como parmeggiano reggiano; carnes longamente cozidas, as de caça são excelente opções para a compatibilização. Mas se a intenção é só brindar, um espumante rosé é o ideal, principalmente se acompanhado de canapés de salmão defumado.
FIM DE ANO: Celebrar é a palavra! É de lei iniciar com um espumante e depois adequar cada prato a um vinho diferente, como: saladas e entradas com os brancos de boa acidez; pratos principais com vinhos de estirpe apropriados para ocasião. Neste caso é necessária a análise dos pratos para podermos compatibilizar corretamente com os vinhos. Pode-se também optar por servir espumantes do início ao fim e surpreender positivamente seus convidados.
FIM DE SEMANA NA PRAIA: Nada melhor do que colocar na ala várias garrafas de Sauvignon Blanc, Viogner e Gewustraminer, estas castas são as parceiras ideais dos frutos do mar. O Sauvignon Blanc principalmente se destaca na combinação com ostras e mariscos, e para acompanhar lula a dorê. Já para o peixe e camarão frito, vá de espumante rosé sem medo de ser feliz!
REUNIÃO COM OS AMIGOS: é comum reunir os amigos para curtir um fondue nestas noites frias. Para o tradicional fondue de queijo, o ideal é combinar o vinho branco, de preferência o chardonnay com leve passagem em barricas, embora muitos prefiram a companhia do tinto, e para errar menos, opte por tintos mais leves elaborados com a casta Pinot Noir ou o jovem Tempranillo. Para o fondue de carne opte por tintos de boa acidez, como sangiovese, jovens malbec, cabernet sauvignon e cabernet franc. Outro tema recorrente a mesa dos amigos são as tábuas de queijos e frios, e esse dá trabalho para o sommelier. Apesar de aparentar simplicidade é uma das compatibilizações que rendem mais erros, pois cada queijo pede um tipo de vinho e os frios e embutidos se chocam com os tintos, por conta da grande quantidade de sal que se choca com os taninos, tornando o vinho rascante e desequilibrado. A melhor opção nesse caso é optar pelos espumantes ou vinhos roses de boa acidez, caso a escolha ainda seja o tinto, tente optar por castas mais leves como Pinot Noir, Gamay e Pinotage sem passagem em barricas.
De fato, o mais importante é sempre alçar o vinho ao primeiro plano em todas as nossas escolhas, afinal como diz meu amigo João Fillipe Clemente: “Você não pediu para nascer e, salvo raríssimas exceções, morrerá contra a sua vontade. Então, trate de aproveitar o intervalo entre esses dois momentos da melhor maneira possível; beba bons vinhos e coma bons pratos compartilhando-os com bons amigos.”  
Luciana Freire
Sommeliere ABS-SP

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