Uruguaios não dispensam um bom churrasco
Entre a gastronomia do Brasil e do Uruguai há muitas diferenças, a começar pelo arroz e feijão. A dupla tão famosa aqui no país não compõe as refeições triviais dos vizinhos do sul, que proporcionaram a maior decepção verde e amarela: o Maracanazzo – a famosa derrota brasileira para os uruguaios na final da Copa de 1950, no Rio de Janeiro. Uma grande semelhança, porém, está no apreço pelo churrasco, mais precisamente pela carne vermelha. Na famosa “parrillada” (pronuncia-se “parrilhada”), que consiste em um mix de carnes mais ou menos nobres, miúdos e linguiças, está o “bife de tira”.
Para fazê-lo é necessária uma peça muito requisitado aqui no Brasil pelo seu sabor: a picanha. Ela é cortada verticalmente em tiras, assim como sugere o nome, mas preparada de forma diferente, a começar pela inexistência do carvão, já que no Uruguai usa-se a lenha. Na receita que sugerimos aqui no Sirva-se, preparada pelo chef de cozinha e personal chef Kléber Lemechewsky, do Instituto Gastronômico das Américas (IGA), mostramos que ela também pode ser feita no fogão. “Pode ser feita na 'parrilla' ou mesmo na grelha comum, sem ir ao forno. A diferença do churrasco uruguaio para o brasileiro é que não há tantos acompanhamentos, como vinagrete, farofa e outros. É mais a carne. No entanto, as batatas sempre estão muito presentes”, explica Lemechewsky.
Como a carne é muito abundante no Uruguai, é a base da alimentação. É tão comum que os operários de obras fazem churrasquinhos improvisados na hora do almoço, principalmente com linguiça e pão, também essenciais no dia a dia dos uruguaios. Nada de marmitas. “O consumo de carne está espalhado por todas as regiões, especialmente a carne de boi, cordeiro e a suína”, destaca o chef de cozinha José Carlos Martins Garcia, que diz que a culinária do Uruguai é mais semelhante com a do Rio Grande do Sul, embora também haja particulares no preparo do churrasco.
O perito em medicina legal Jorge Paulete Vanrell, que mora em Rio Preto e é uruguaio, confirma que a preferência por carne é unânime. Também conta que a batata inglesa substitui o arroz, sendo preparada de várias formas, como purê, fritas, assada, cozida, na manteiga e salada. “É muito difícil consumir o arroz, a não ser em um prato muito específico que o tenha como ingrediente principal”. Ele afirma que não há misturas de fontes de proteínas e carboidratos, como a presença do macarrão e o arroz em um mesmo prato.
Já no caso do feijão carioca e preto conhecidos por aqui, não existem por lá. O único consumido com abundância é o feijão branco, que pode ser preparado como salada, na sopa ou na manteiga. O também uruguaio Juan Carlos Javanel, que trabalho no restaurante Varanda do Golfe, explica que em épocas mais frias, com um inverno rigoroso, canjas, pastas, caldos e sopas são muito consumidos. “São opções com mais calorias, bem quentes e que podem ser com carnes”, diz. Como o Uruguai tem as estações do ano bem marcadas, a variedade de legumes, verduras e frutas dependem da época. “Há alface branca e lisa todo o ano, mas a roxa apenas no verão, assim como o agrião. Já a batata doce, apenas no inverno, e a mandioca existe apenas na região norte do país por influência brasileira. Tudo é sazonal”, explica Vanrell.
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