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sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Curiosidades do churrasco no Rio Grande do Sul



Vamos conversar hoje sobre onde nasceu o churrasco no Brasil, o Rio Grande do Sul. Nós paulistas, por termos um clima quente quase que o ano inteiro, fazemos churrasco em qualquer esquina e por qualquer motivo. No Sul o churrasco está ligado não só à história como à própria vida do gaúcho. Mas no Rio Grande do Sul, come-se de tudo e de tudo se oferece ao mais exigente turista em busca de apelos gastronômicos, desde a cozinha internacional dos grandes restaurantes e hotéis, até o almoço colonial de espeto corrido, massa, polenta e saladas, num total de 30 pratos, passando pelas peixadas e frutos do mar na zona litoral, como também pelo exótico e forte mocotó e o puchero acastelhanado. A cozinha gaúcha na verdade é muito diversificada. Se atrai pelo peculiar dos pratos regionais, encanta pela sofisticação dos pratos mais requintados da culinária brasileira e internacional. Quem pedir um vatapá baiano num restaurante de Porto Alegre não sairá decepcionado. Mas quem, afinal de contas irá ao Rio Grande do Sul terra do churrasco para comer vatapá?

Um fogo de chão
Todos os pratos caracteristicamente gaúchos vieram do campo, ao longo da história do Rio Grande do Sul para as cidades. O churrasco por exemplo, está intimamente ligado à vida campeira, às guerras e ao gosto da liberdade. Elas ensinaram o gaúcho a preparar sua comida de maneira prática e rápida: um fogo no chão, alguns espetos de madeira, preferencialmente camboim, e um pedaço de carne a pingar gordura nas brasas – nada mais do que isso para um churrasco, a carne temperada só com salmoura ou com sal grosso que, depois, se tira batendo com a faca (hoje se usa o batedor de sal). Um churrasco gaúcho, de costela gorda, alcatra ou picanha, se come com farinha de mandioca, espécie de guardanapo campeiro. Não há hoje no Rio Grande do Sul casa que se preze sem uma churrasqueira, seja na cidade, na praia, na serra. Quando o gaúcho reúne amigos o faz sempre para "assar uma carne" e todos já sabem do que se trata.

Charque e arroz
Mas há, também, o churrasco de charque (a carne seca do gaúcho), o galeto (frango ao espeto), rim, coração e fígado ao espeto, o xixo (contribuição árabe). Há tudo isso e há, ainda, o arroz carreteiro, uma tradição que vem do tempo das tropeadas: a trempe e a panela de ferro, o fogo de chão, dentro da panela o charque cortado em pedacinhos quadrados e o arroz. Há a paçoca de charque desfiado, seco, misturado com farinha e socado no pilão, para ser comido com café bem forte. Ainda do charque, a roupa-velha, o guisado e o ensopado. Quantas comidas típicas e saborosas se fazem com o charque, a carne seca e salgada do gaúcho, ingrediente obrigatório da feijoada à riograndense, tanto quanto o pé de porco, a orelha, a costela e o arroz feito à parte, o picadinho de couve, a laranja e o cálice de cachaça para abrir o apetite...

Pratos de inverno
A feijoada à moda gaúcha é um prato de inverno. Outro, também de inverno e também muito forte, é o mocotó, que vem dos escravos da zona litoral. Uma versão corrente, mas não historicamente estabelecida, diz que o senhor comia o boi por fora e dava aos escravos o direito de comer o boi por dentro, daí a originando o mocotó, um prato hoje muito apreciado nas cidades para almoço de fim de semana no inverno. O mocotó, uma sopa de feijão branco e mondongo (o bucho do animal) cortado em tiras e depois aos quadradinhos, as quatros patas, a tripa grossa e a coalheira, tudo muito limpo, e posto num panelão para ferver, mais linguiça e temperos – pimenta e salsa picada à parte, ao gosto do comensal. Mas o mondongo, também chamado de dobradinha nas cidades, se podem relacionar ainda outros pratos, principalmente o ensopado de batatas (o mais apreciado), acompanhado de arroz feito à parte. O tapichi ou monato (o terceiro antes de nascer, mas já com couro) dá muitas variações culinárias, assim como o terneirinho nascido e chamado de vitela.

Como se pode ver, churrasco é sempre churrasco.
Até a próxima

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